lunes, 18 de septiembre de 2017

A poluição, o ruído e a ocupação de espaço, principais consequências do transporte motorizado

Galiza - Verdegaia - 180911_coruO impacto do transporte motorizado tem chegado a limites claramente insuportáveis, incidindo de maneira evidente na diminuição da nossa qualidade de vida, particularmente nos âmbitos urbanos.

As emissões de gases de efeito estufa e partículas poluentes agregam-se aos efeitos do barulho. A ocupação do espaço e a sinistralidade oferecem dados preocupantes que nenhuma administração parece levar a sério.
O trânsito é a principal causa de poluição do ar nas cidades. Uma parte importante da população urbana respira ar poluído se forem tomados como referência os valores limite de concentração de poluentes no ar recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a proteção da saúde humana, mais exigentes do que os legais. Entre elas destacam as partículas em suspensão, consideradas como o problema de poluição ambiental atmosférica mais severo e que estão atrás de numerosas doenças respiratórias, problemas cardiovasculares, e cancros de pulmão. Estima-se que pode reduzir a esperança de vida entre vários meses e dois anos. Mais de 16.000 pessoas falecem cada ano de forma prematura no Estado espanhol por causa da poluição do ar. Segundo dados oficiais, durante 2009 foram ultrapassados os valores médios anuais máximos para a concentração de partículas em suspensão (PM10 ou PM2,5) recomendados pela OMS na Corunha, Ferrol, Santiago, Lugo e Vigo[1]. Em 2010, a situação melhorou, superando-se os supracitados valores só em Vigo, se bem na Corunha, Ferrol e Ponte Vedra estiveram a ponto de ser ultrapassados também.
Também o trânsito é um dos maiores emissores de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa causantes da mudança climática. As emissões de CO2 no transporte rodoviário na Galiza aumentaram mais do dobro entre 1990 e 2009, atingindo os seis milhões de toneladas, sendo o maior foco emissor depois da transformação de energia. Grande parte das emissões do transporte rodoviário tem lugar nas zonas urbanas. Os principais emissores de CO2 são os carros: queimar 1 litro de combustível supõe emitir 2,3 kg de CO2. Assim, cada pessoa que utiliza o carro para os seus deslocamentos ao trabalho (com um percurso médio diário aproximado de 15 km) emite umas 2 toneladas de CO2 por ano só por esta razão.
A poluição acústica é o segundo elemento mais nocivo para a qualidade de vida e as nossas cidades são muito barulhentas. Quantitativamente, o principal gerador deste ruído é o trânsito. Muitos estudos concluem que as consequências sobre a saúde dos níveis de ruído prolongados que gera o trânsito de automóveis são equiparáveis, ou até superiores, às provocadas pela poluição do ar. Na União Europeia, por volta de 40% da população está exposta ao ruído do trânsito com um nível equivalente de pressão sonora que excede 55 dB(A) no dia e 20% estão expostos a mais de 65 dB(A). Mais de 30% da população está expostos durante a noite a níveis de pressão sonora acima de 55dB(A), o que transtorna o sono. Na estrada de Ferrol a Narom, para darmos um exemplo, os níveis de ruído nesta estrada oscilam entre os 60 e os 75 decibéis, e a cidade de Vigo suporta níveis superiores aos 55 dBA em 65% do seu território (70 de 109 km2), sendo superiores aos 74 dBA em 5%.[2]
E o último factor que contribui para a degradação da qualidade de vida é a ocupação do espaço pelo transporte motorizado. A rua perdeu a sua função de socialização como espaço "multiusos" de encontro em intercâmbio. Mudou de espaço público a couto privado para a circulação e o estacionamento. E quem mais padece esta realidade são as crianças e as pessoas idosas ou com discapacidades, que viram enormemente limitada a sua autonomia nas três últimas décadas. Já quase não há deslocamentos que não sejam motorizados aos centros escolares, as ruas têm-se convertido num espaço perigoso por efeito do trânsito descontrolado. De cidadãos passamos a peões.
Para melhorar a qualidade de vida nas cidades, para reduzir os elevados custos económicos do transporte e para combater o poluição atmosférica, acústica e visual, Câmaras municipais, Junta e Governo espanhol devem mudar radicalmente as suas prioridades em matéria de infraestruturas e urbanismo, apostando numa nova conceção do desenvolvimento urbanístico, que detenha a dispersão e a segregação de usos. As cidades têm que recuperar o seu escala humana, na qual a proximidade dos serviços seja a caraterística principal. Um lugar é mais acessível quanto menos distância houver para chegar a ele. A criação de proximidade é o pilar básico da mobilidade sustentável sobre o qual se devem sustentar todas as medidas aqui propostas.



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