viernes, 9 de septiembre de 2016

PCC

Família e sociedade no Brasil
Inserida nas transformações sociais decorrentes do processo de industrialização, a sociedade brasileira também passa por mudanças na estrutura da família.
Durante séculos o casamento foi a base da união entre homens e mulheres na maioria das sociedades, inclusive a brasileira. No entanto, com o enfraquecimento do modelo patriarcal, atualmente legitima-se como forma de união a coabitação ou seja um casal que divide o mesmo ambiente doméstico e as responsabilidades referentes à vida conjugal, como criação dos filhos e partilha das despesas, sem estar, do ponto de vista legal ou religioso, casado.
Outro exemplo pode ser observado na nova divisão das tarefas domésticas, caracterizada pela maior participação dos homens,decorrente da inserção da mulher no mercado de trabalho.
É possível que você vivencie esse tipo de experiência em sua casa ou tenha contato com famílias em que haja uma divisão mais equitativa das tarefas domésticas, ou pode ser que tenha conhecimento dessa mudança por meio da televisão ou de outros meios de comunicação.
Apesar das transformações em curso, entretanto, a mulher continua com uma parcela maior de responsabilidades, acumulando funções ao assumir,simultaneamente, trabalho externo, afazeres domésticos e cuidado com os filhos.
Esse tema também é abordado pela sociologia; para grande parte dos pesquisadores, a participação do homem nas atividades domésticas revelaria um enfraquecimento do modelo de família baseado na estrutura patriarcal. Essa transformação provoca alterações profundas na maneira de viver.
O patriarcalismo brasileiro
No Brasil, o fenômeno da dominação masculina é devido em grande parte à herança cultural portuguesa, que determinava a subordinação quase absoluta da mulher  ao homem – primeiro ao pai, a um tio ou mesmo a um irmão mais velho e , depois de casada, ao marido.
Esse tipo de organização familiar foi introduzido no Brasil nas primeiras décadas do século XVI, com o sistema de capitanias hereditárias, criadas entre 1534 e 1536. Por meio da doação de sesmarias-grandes áreas, no interior das capitanias, destinadas à produção-, esse sistema desencadeou o processo de ocupação não indígena das terras americanas.
Nessas glebas, famílias portuguesas estabeleceram-se e iniciaram a política de povoamento do território brasileiro elaborada por Portugal. Para o trabalho na lavoura e doméstico, foram incorporados africanos escravizados.
Esse período histórico foi marcado pelo desenvolvimento de uma sociedade desigual, composta de classes distintas-a dos proprietários e a dos não proprietários – e pelo patriarcalismo como forma predominante de organização familiar. Nesse contexto, o papel de patriarcas e o de proprietário eram desempenhados pela mesma pessoa; o poder do patriarca  estendia-se também aos escravos .
Essa característica, inicialmente exclusiva das relações familiares do proprietário de terra, rapidamente reproduziu-se nas demais esferas sociais, tanto rurais quanto urbanas, como a cultura, o trabalho e a política.
A partir do século XIII, como decorrência do renascimento comercial e urbano, as mudanças no ambiente e por  valores também foram parte das transformações socioeconômicas sofridas pela sociedade europeia.
O surgimento da cidade, espaço social livre da autoridade do senhor feudal, levou à manifestação de novos hábitos e preparou o caminho para as transformações radicais  que originariam a sociedade contemporânea . Tal início foi marcado por processos revolucionários-a Revolução Inglesa no século XVII e as revoluções Industrial e Francesa no século XVIII, além das revoluções liberais do século XIX-, processos estes  que fizeram da burguesia a classe social dominante.
Todas essas mudanças  sociais ocorreram primeiramente na Europa e só depois alcançaram boa parte do restante do mundo.
As sociedades humanas e suas formas de organização
Entender as diferenças entre o mundo medieval e o moderno  implica perceber, a princípio, as mudanças que ocorreram na própria estrutura social, que passa transformações no tempo e no espaço. Para isso, vamos analisar um pouco mais o conceito de sociedade.
Uma definição ampla e aceita por boa parte dos sociólogos designa por sociedade
[…] cada agregado de seres humanos de ambos os sexos e de todas as idades, unidos num grupo que se autoperpetua e possui suas próprias instituições e cultura distintas em maior ou menor grau[...]
Independentemente do viés analítico utilizado para compreendê-la , vamos considerar aqui uma sociedade se caracterizada pela existência e pela convivência, mais ou menos organizada, de grande número de indivíduos que necessitam uns dos outros para garantir sua sobrevivência e seu bem-estar.
A diferença entre os processos produtivos da sociedade medieval  e os da sociedade moderna industrial faz que o tempo e a sensação de sua passagem sejam distintos em cada uma dessas sociedades. O mundo medieval estava à mercê da natureza e de seu repetitivo ciclo de estações. É o que mostra o historiador francês Jacques Le Goff (1924):
Mas o tempo medieval era antes de tudo um tempo agrícola. Num mundo em que a terra era essencial, onde vivia quase toda a sociedade, rica ou pobre,  a primeira referência cronológica  era rural.
Esse tempo rural era em primeiro lugar o da longa duração. O tempo agrícola do camponês era um tempo de espera, de paciência, de permanências, de recomeços, de lentidão, senão de imobilismo, pelo menos de resistência à mudança. Não sendo factual, não precisava ser datado, ou melhor, suas datas oscilavam docemente, ao ritmo da natureza.
Isto porque o tempo  rural  é um tempo natural.
As grandes divisões são o dia e a noite e as estações.
Tempo de contrastes que alimenta a tendência medieval ao maniqueísmo: oposição entre a sombra e a luz, entre o frio e o quente, entre a atividade e a ociosidade, entre a vida e a morte […]
Le Goff, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Bauru: Edusc,2005.p. 171-172

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